ESPAÇO PARA IDEIAS, CONVERSAS E ENCONTROS DE INTERESSADOS PELO CONHECIMENTO HUNA




21 dezembro 2010

O GUARDIÃO DO SEGREGO - PSICOFILOSOFIA HUNA


As pesquisas e estudos elaborados pelos escritores que se dedicam à Huna se complementam ao longo do tempo. Podemos dizer que Max Freedom Long, Leinane Melville e Serge King correspondem ao tripé do conhecimento Huna atual.

No Brasil, apesar da significativa quantidade de textos isolados e boletins informativos, havia a carência nos últimos anos de um estudioso local que tivesse se aprofundado em Huna e se empenhado no lançamento de uma obra genuinamente brasileira no mercado editorial.

A figura de Sebastião de Melo representa esse plus. Após um minucioso trabalho de quase 3 anos de organização e revisão de textos escritos ao longo de sua trajetória Huna, o psiquiatra lança "O GUARDIÃO DO SEGREDO - PSICOFILOSOFIA HUNA", pela Editora Biblioteca 24x7.

O livro recém publicado aborda a história, conceitos, fundamentos e reflexões da psicofilosofia, com a inovadora contribuição do autor quanto à vivência dos desafios de todo ser humano naquilo que se chama Sonho Básico de Vida. Algo provocador e substancial, que aponta o quanto somos ignorantes, limitados, confusos e procrastinadores nos diversos papéis que desempenhamos.

Ao descrever os deuses da mitologia havaiana, o autor retrata em seu novo trabalho a origem dessas forças simbólicas e as traz para nossos dias, em que nos julgamos tão distantes das antigas representações, por conta da nossa aparente conquista tecnológica.

Destaca-se também a pesquisa sobre a formação das memórias, onde indica claramente a inteira responsabilidade  que cada um tem por si, sem culpa ou sofrimento, porém fazendo alusão direta ao poder interior de transformar as imagens projetadas daquilo que chamamos de mundo, numa reformulação contínua.

Com seu estilo peculiar de transmitir os conhecimentos Huna, sem a brisa superficial da autoajuda, carregando uma bagagem psiquiátrica inédita, o experiente médico demonstra as perspectivas da antiga psicofilosofia como paradigma para o século XXI, convidando ao retorno à fonte interior que interliga tudo que existe.

Considerado junguiano para alguns; místico para outros; espírita para pouco esclarecidos; Sebastião de Melo, em "O GUARDIÃO DO SEGREDO - PSICOFILOSOFIA HUNA", nos remete à desconstrução das classificações de escolas psicológicas  tradicionais, que muitas vezes encobrem nosso potencial adormecido.

Enfim, depois de muito tempo, um livro publicado de um escritor brasileiro sobre Huna, que  reúne material inédito elaborado há décadas e com rico conteúdo atualizado, para aqueles que pretendem não apenas conhecer, mas sentir a Huna de forma diferenciada. Pode ser adquirido pelo próprio site da editora http://www.biblioteca24x7.com.br/ .


14 dezembro 2010

O COMEÇO - II


Max Freedom Long, por ter estudado as raízes das palavras havainas, suas junções e a forma como eram pronunciadas, chegou a conclusões reveladoras que indicam a sabedoria milenar do conhecimento Huna. Seu livro " Os Milagres da Ciência Secreta - Desvelando a Tradição Huna dos Antigos Polinésios" foi publicado no Brasil pela primeira vez em 1961. Conta o desenvolvimento de suas pesquisas, as mudanças políticas no regime de ocupação havaiana (que impulsionaram o isolamento da riquíssima cultura polinésia) e faz comparações com outras práticas consideradas mágicas ou milagrosas, observadas ao redor do mundo.

Quanto aos 3 aspectos ou níveis de consciência latentes na Huna, Long associa às denominações e conceitos da psicologia ocidental: subconsciente, consciente e supraconsciente. No entanto, trata-se apenas de uma analogia para facilitar a percepção do que seriam esses 3 Eus que formam todo ser humano:

 * Unihipili, considerado Eu Básico, por desempenhar as funções de subsistência de todo ser, como armazenamento de energia, manutenção do corpo, sede das emoções, depositário das memórias gravadas pelas experiências vivenciadas e raciocínio dedutivo. Capta as impressões sensoriais através dos 5 sentidos. Essas são algumas de suas características.

 * Uhane, considerado Eu Médio, por exercer influência e comando sobre unihipili, intelectualizando e tentando julgar e categorizar todos os aspectos possíveis e imaginários. Desenvolve raciocínio indutivo e procura filtar as impressões para formar um padrão de referência daquilo que é certo e errado. Não possui memória, mas tem fome de cultura e informação.

 * Aumakua, considerado Eu Superior, por representar a proteção invisível, mística, uma espécie de espírito paternal que habita (ao mesmo tempo) dentro e  fora de cada um. É um deus pessoal que atua em toda prece ou oração religiosa, independente do nome que se dê a ele. Expressa as qualidades divinas e auxilia diretamente quando solicitado com fé, emoção e vontade. 

Pode-se observar esta representação trina em outras culturas, filosofias e até mesmo doutrina religiosas, com diversos nomes e características semelhantes. Porém, os atributos e considerações destes 3 Eus adquirem uma profundidade diferenciada em Huna, como demonstraremos. O fato de estarem diretamente interligados e independentes, bem como a constatação de que se tratam de 3 espíritos e não apenas 3 aspectos de consciência,  já apresenta uma visão diferenciada desses conceitos simples e completos. (continua)

10 dezembro 2010

O COMEÇO


Para início de entendimento do que a Huna representa, é importante esclarecer que estamos falando de uma filosofia milenar, cuja origem remonta há mais de 15 mil anos na região hoje conhecida como Ilhas Polinésias, o que restou da submersão do antigo Continente de Mu (embora haja divergência quanto ao início exato dessa civilização).
  
Alguns pesquisadores ocidentais reuniram as partes prováveis desse antigo conhecimento e, cada um a sua maneira, conceituaram o conjunto denominado Huna. No entanto, esse processo começou a ser elaborado no início do século XX e atende à organização intelectual recente. Daí a suposta divisão entre mitologia, xamanismo e psicologia.
  
Antigamente, tudo era uma coisa só, a intelectualidade que foi se sofisticando, desenvolvendo e rotulando as searas do saber ao longo da História. 
  
Como fomos educados dentro dos parâmetros culturais da civilização greco-romana, muitas vezes, relutamos ou negamos os conceitos simples e profundos de outros povos, que são tratados como índios selvagens (como se a nossa sociedade atual não fosse selvagem: ela apenas sofisticou sua selvageria), bloqueando o entendimento de um estilo de vida diferente.
  
O pesquisador Max Freedom Long a partir de 1917 interessou-se por práticas havaianas que eram atribuídas a antigos rituais de curandeiros ou mágicos que, entre outros atributos, curavam pessoas, harmonizavam seres em desequilíbrio e caminhavam sobre a brasa. Manifestações que, para a maioria das pessoas, ora seriam desacreditadas, recheadas de truques ocultos, ora seriam tidas como milagres.
  
Ele conheceu William Tufs Brigham, Curador do Bishop Museum of Honolulu - Hawai, e contou-lhe sobre tais experiências. Brigham não somente confirmou todas as estórias como ainda acrescentou outras de sua vivência pessoal.
  
Brigham considerou Long continuador das pesquisas já consolidadas em 40 anos de estudos sobre os denominados kahunas (mestres havaianos guardiões do segredo) e lhe orientou a se aprofundar nos três seguintes fatores para desvelar o antigo estilo de vida polinésio com suas práticas para nós supreendentes:

1 - Deveria haver uma forma de consciência que os kahunas eram capazes de contatar através de cerimônias ou preces.

2 -  Essa consciência podia usar uma força que lhes permitia controlar o calor no andar sobre lavas ferventes ou fazer mudanças na matéria física para cura instantânea ou modificação do futuro.

3 -  Deveria haver alguma forma de substância visível ou invisível através da qual a força agia.
  
Após alguns anos, Max Freedom Long, na Califórnia, acordou com a idéia que o conduziu diretamente à chave para a descoberta das respostas sobre o mistério dos kahunas: supôs que deveriam haver nomes para designar os elementos citados por Brigham, a fim de transmitir oralmente a tradição desses conhecimentos para seus descendentes.
  
Iniciou uma minuciosa pesquisa da língua havaiana, formada por curtas raízes que vão se acrescentando umas às outras para formar palavras com vários sentidos. O alfabeto havaiano é muito simples, formado pelas vogais A, E, I, O, U e pelas consoantes H, K, L, M, N, P, W.
  
Lembrou-se que para os kahunas todo ser humano possui três eus ou aspectos de consicência (muito antes de Sigmund Freud). Estudou as palavras que designavam esses três aspectos: unihipili, uhane e aumakua.
  
Ao encerrar sua detalhada pesquisa, comprovou que os kahunas já conheciam há milênios os elementos principais que a psicologia somente “descobriu” a partir do final do século XIX. Além daquilo que se denomina consciente (uhane) e subconsciente (unihipili), constatou que eles conheciam o aspecto superconsciente (aumakua) do ser, o que no Ocidente é atribuído apenas a doutrinas religiosas ou a correntes de escolas psicológicas, muitas vezes divergentes entre si.
  
Assim, basicamente através da decodificação da língua havaiana, podemos dizer que Max Freedom Long “psicologizou” e abriu caminhos para tornar acessível ao homem contemporâneo a antiga filosofia hoje conhecida como Huna. (continua)