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13 novembro 2013

NAPA - PROCRASTINAÇÃO SOB O PRISMA DA PSICOFILOSOFIA HUNA

A Praia, O Oceano e O Horizonte

Temos o dom de adiar. Adiamos nossas atitudes. Adiamos nossas relações. Adiamos os passos que nos conduzem a novos horizontes, amplos e reveladores.

Sob o signo do Grande Medo, diariamente praticamos a procrastinação, isto é, nos omitimos e impedimos de nos lançar ao mar de ações que já estão conscientizadas, obtidas por outros níveis de percepção. Com isso, permanecemos na areia, barrados por ondas de ilusão.

Se nos compararmos a um barco a partir no oceano da vida, observamos que iniciamos a viagem cheios de esperança, temos anseios de conhecimento, sensações e vitórias, querendo, no íntimo, vencer a nós mesmos. Contudo, após experiências e realizações, nos momentos de pequenas mudanças de rumo que nos beneficiariam, nos retraímos e retornamos à beira da praia, que nos proporciona a superficial sensação de conforto e segurança.
                        
Na praia, atracamos e construímos pequenos castelos de areia, alguns grandes, bonitos e imponentes; ou corremos com vigor na beira d´água, querendo demonstrar saúde e aparente perfeição. Atitudes que impressionam aqueles que circulam, pessoas iludidas na mesma caminhada, tecedoras de elogios às nossas obras. É a sociedade como um todo, que nos considera feliz e supõe que somos repletos de paz e harmonia por conta do nosso desempenho. Ou seja, a ilusão exterior encorajando a ilusão interior do navegador covarde que procrastina na lama social.
                        
Entre castelos frágeis, longos percursos e bajulações fáceis, temos um momento único: sentimos aquela luz de outrora e focalizamos novamente o horizonte amplo e revelador, aquele que descobrimos, sentimos, tentamos alcançar e na hora “H” bloqueamos, embasados no imenso caldeirão de memórias aprisionadoras que nos faz remar para trás, retornando mais uma vez à praia do autoengano.
                        
Prostrados na areia, nos sentimos frustrados e deprimidos. Percebemos que os outros aguardam a beleza de nossos castelos, de nossa fachada, ao mesmo tempo em que nossas memórias clamam pelos velhos elogios que tentam justificar a permanência nos grãos da mentira.
                        
Neste ciclo rotineiro, movidos pelo raciocínio analítico ou pela angústia, buscamos consolo para o contínuo estado de adiamento em que nos situamos. Daí surgem as ideias de punição karmica – como se pagássemos o preço por outras vidas; ou de futuras encarnações – como se pudéssemos nos lançar no mesmo oceano após aquilo que chamamos de morte... Se assim o fosse, já pagamos a quantia cara por estarmos parados na areia, como já quase nos afogamos quando estivemos no mar. Logo, nada temos a perder com a permanência forçosa.
                        
Parece fácil... Mas seu conjunto de ilusões cultivado há tanto tempo, que indiretamente promove a mediocridade, contempla:

Ok, vamos fingir que as coisas são assim mesmo. Afinal, mudar para qual praia? Correr até onde? Construir castelos mais bonitos? Caminhar na areia dando mais atenção aos outros? Lançar-se ao mar numa embarcação mais potente, para que as pessoas medrosas acenem com admiração e respeito pela nossa aventura na vida?
                        
Você sabe que não. Você sente que não. A verdadeira mudança permite o desbloqueio dos demônios pessoais que você construiu e pode neutralizar, pois já percebe o clareamento de visão interior, conhece os padrões de limitação e sente que a energia segue o fluxo do seu pensamento. Trata-se da manifestação renovadora em seu próprio corpo, em pensamentos, palavras e ações, alterando naturalmente o curso do barco para frente.
                        
A transformação reflete o brilho dos seus olhos quando avança ao horizonte e prossegue no oceano de mistérios, sentindo compaixão pelos que observam da praia, compreensão pelo seu próprio barco de memórias, prazer pela dinâmica da vida, gratidão por você mesmo e amor por tudo o que existe.





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