A Praia, O Oceano e O
Horizonte
Temos
o dom de adiar. Adiamos nossas atitudes. Adiamos nossas relações. Adiamos os
passos que nos conduzem a novos horizontes, amplos e reveladores.
Sob
o signo do Grande Medo, diariamente praticamos a procrastinação, isto é, nos
omitimos e impedimos de nos lançar ao mar de ações que já estão
conscientizadas, obtidas por outros níveis de percepção. Com isso, permanecemos na areia,
barrados por ondas de ilusão.
Se nos compararmos a um barco a partir no oceano da vida,
observamos que iniciamos a viagem cheios de esperança, temos anseios de
conhecimento, sensações e vitórias, querendo, no íntimo, vencer a nós mesmos.
Contudo, após experiências e realizações, nos momentos de pequenas mudanças de
rumo que nos beneficiariam, nos retraímos e retornamos à beira da praia, que nos proporciona a superficial
sensação de conforto e segurança.
Na
praia, atracamos e construímos pequenos castelos de areia, alguns grandes,
bonitos e imponentes; ou corremos com vigor na beira d´água, querendo
demonstrar saúde e aparente perfeição. Atitudes que impressionam aqueles que circulam,
pessoas iludidas na mesma caminhada, tecedoras de elogios às nossas obras. É a
sociedade como um todo, que nos considera feliz e supõe que somos repletos de
paz e harmonia por conta do nosso desempenho. Ou seja, a ilusão exterior
encorajando a ilusão interior do navegador covarde que procrastina na lama
social.
Entre
castelos frágeis, longos percursos e bajulações fáceis, temos um momento único:
sentimos aquela luz de outrora e focalizamos novamente o horizonte amplo e
revelador, aquele que descobrimos, sentimos, tentamos alcançar e na hora “H”
bloqueamos, embasados no imenso caldeirão de memórias aprisionadoras que nos
faz remar para trás, retornando mais uma vez à praia do autoengano.
Prostrados
na areia, nos sentimos frustrados e deprimidos. Percebemos que os outros
aguardam a beleza de nossos castelos, de nossa fachada, ao mesmo tempo em que
nossas memórias clamam pelos velhos elogios que tentam justificar a permanência
nos grãos da mentira.
Neste
ciclo rotineiro, movidos pelo raciocínio analítico ou pela angústia, buscamos
consolo para o contínuo estado de adiamento em que nos situamos. Daí surgem as
ideias de punição karmica – como se
pagássemos o preço por outras vidas; ou de futuras encarnações – como se
pudéssemos nos lançar no mesmo oceano após aquilo que chamamos de morte... Se
assim o fosse, já pagamos a quantia cara por estarmos parados na areia, como já
quase nos afogamos quando estivemos no mar. Logo, nada temos a perder com a
permanência forçosa.
Parece
fácil... Mas seu conjunto de
ilusões cultivado há tanto tempo, que indiretamente promove
a mediocridade, contempla:
Ok, vamos fingir que as
coisas são assim mesmo. Afinal, mudar para qual praia? Correr até onde? Construir castelos mais
bonitos? Caminhar na areia dando mais atenção aos outros? Lançar-se ao mar numa
embarcação mais potente, para que as pessoas medrosas acenem com admiração e
respeito pela nossa aventura na vida?
Você
sabe que não. Você sente que não. A verdadeira mudança permite o
desbloqueio dos demônios pessoais que você construiu e pode neutralizar, pois já
percebe o clareamento de visão interior, conhece os padrões de limitação e
sente que a energia segue o fluxo do seu pensamento. Trata-se da manifestação
renovadora em seu próprio corpo, em pensamentos, palavras e ações, alterando naturalmente o
curso do barco para frente.
Nelson, que bom que voltou á ativa!
ResponderExcluirNelson, amei . tem coisas que vem no momento certo !! Obrigada
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